PORTUGAL TEM ELEVADO POTENCIAL NUMA ECONOMIA AZUL QUE VALE 92 MIL MILHÕES A NÍVEL MUNDIAL

Os dados são do Hub Azul Dealroom que reúne 1.210 startups mundiais da economia azul (47 de Portugal). A maior parte do valor está concentrado nas áreas da robótica, shipping, tecnologia climática, das energias limpas ou de eficiência energética.

As startups Bluetech (startups tecnológicas ligadas ao mar) e Blue Economy (startups ligadas à economia azul) têm uma avaliação de 92,8 mil milhões de euros em termos mundiais, de acordo com dados fornecidos, em exclusivo, ao Jornal Económico, pelo Hub Azul, baseados na plataforma Hub Azul Dealroom, onde estão neste momento 1.210 startups globais de economia azul (47 portuguesas). Portugal surge com “grande potencial nesta área” e com capacidade de gerar “grande valor acrescentado” apesar de ter um “ecossistema embrionário”, de acordo com o coordenador do Hub Azul Portugal, Gonçalo Faria.

Desse total de 92,8 mil milhões de euros 63,8%, o equivalente a 59,5 mil milhões de euros, estão concentradas nas áreas da robótica, do shipping, da tecnologia climática, das energias limpas ou eficiência energética.

“11,3% estão classificadas com robótica, 13.4% estão classificadas como shipping, 31,5% estão classificadas como tecnológicas climáticas. 7,6% estão classificadas como energia limpa ou eficiência energética”, de acordo com os dados do Hub Azul.

O coordenador do projeto Hub Azul Portugal, Gonçalo Faria, considera que o valor aportado por estas empresas sendo tendências globais servem como “indicadores de referência” para Portugal direcionar a sua estratégia.

“A análise destas tendências dá-nos informação muito relevante sobre o caminho que deveremos seguir em termos de investigação, mas também naquilo que respeita à inovação, com o desenvolvimento de novos produtos e de novas soluções. Permite-nos perceber em que áreas os investidores internacionais estão mais interessados, em que áreas a aposta é maior, significando isso maior capacidade de atrair investimento internacional”, diz Gonçalo Faria, ao Jornal Económico.

O coordenador do Hub Azul Portugal sublinha que Portugal “tem um enorme potencial nestas áreas” contudo, tendo em conta os dados do Hub Azul Dealroom, uma plataforma criada no âmbito do projeto Hub Azul Portugal, e que junta fundos de investimento a startups internacionais e estas a empresas âncora do ecossistema português, “revelam que ainda há muito trabalho a fazer”.

Gonçalo Faria sublinha que das 47 startups portuguesas que estão registadas no Hub Azul Dealroom, “que representam 3,8% do total), oito têm uma avaliação registada de 194 milhões de euros, o equivalente a 0,2% da avaliação total da amostra.

O coordenador do Hub Azul Portugal acrescenta que só a Tekever absorve 125 milhões de euros de avaliação, ou seja, 64% do total.

“Ainda assim, é interessante verificar que das oito startups [que têm avaliação registada de 194 milhões de euros] (Tekever, Inclita Seaweed Solutions, Oceano Fresco, Cargofive, Meight, Sensefinity, Exogenus Therapeutics e Bitcliq), quatro trabalham na digitalização de processos (Bitcliq, Sensefinity, Meight e CargoFIve) e uma trabalha sobretudo na sensorização e observação do oceano (Tekever)”, refere Gonçalo Faria.

Portugal tem elevado potencial de valor acrescentado
Para Gonçalo Faria, Portugal possui um “ecossistema embrionário” que tem um “elevado potencial” de valor acrescentado.

Gonçalo Faria sublinha que uma das tarefas do Hub Azul Portugal passa por “desenvolver mecanismos” que procurem, através dos sete hubs que serão criados no território continental português, “aproveitar a excelente investigação que se faz em Portugal, nestas como em outras áreas para a criação de novas empresas, de produtos e de soluções que vão ao encontro das tendências e das necessidades dos mercados internacionais”.

O coordenador do Hub Azul Portugal considera que o país está perante uma “oportunidade”, e sublinha a importância da plataforma Hub Azul Dealroom tendo em conta que “fornece informação de inteligência económica muito relevante para alinhar a investigação e a inovação com as tendências de investimento internacionais”.

Aquacultura e shipping ganham relevo
Em termos mundiais, os dados mostram também que 82,5% da avaliação [92,8 mil milhões de euros] de startups Bluetech e Blue Economy na categoria robótica foram criadas depois de 2015.

“Este valor é aproximadamente 20% para a área da aquacultura e 29,6% para o shipping”, salienta os dados retirados do Hub Azul Dealroom.

As startups Bluetech e Blue Economy na área offshore atingem os 1,8 mil milhões de euros.

“45% desta avaliação diz respeito a empresas criadas após 2015. Dentro desta classificação estão tecnologias de infraestrutura, manutenção, monitorização, digitalização, etc..”, explica o Hub Azul.

Na área das eólicas offshore (offshore wind) esse valor fixou-se nos 1,7 mil milhões de euros e 33% diz respeito a startups criadas após 2015.

Área das eólicas offshore obtém maior crescimento
As startups Bluetech e Blue Economy ligadas às eólicas offshore têm tido um crescimento assinalável.

Os dados do Hub Azul Dealroom confirmam uma subida de 102% entre 2021 e 2022. A robótica segue também a tendência com um crescimento de 65%.

Já as startups Bluetech e Blue Economy na área seaweed aumentaram 40% quando comparado 2022 com os primeiros nove meses de 2023.

Maior investimento está concentrado na robótica e no shipping
O investimento em startups Bluetech e Blue Economy na área da robótica ascendeu aos 1,5 mil milhões de euros, atingindo um crescimento que se aproximou dos 200% face a 2021.

“Este valor foi muito influenciado pela series E de 1,3 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros) da Anduril de dezembro de 2022”, explica o Hub Azul.

O investimento em 2022 em startups Bluetech e Blue Economy, na área do shipping, foi de 1,5 mil milhões de euros, um crescimento aproximado de 200% face a 2021.

“Este valor foi muito influenciado pela series E de 934 milhões de dólares (883 milhões de euros) da Flexport em fevereiro de 2022”, explica o Hub Azul.

Já o investimento em 2022 em startups Bluetech e Blue Economy e da área do offshore foi de 145 milhões de euros, mais 76% em comparação com 2021.

Comparando 2022 com os primeiros nove meses de 2023 o investimento nesta área ficou em 198 milhões de euros, “muito influenciado por uma operação em agosto de 2023 de 150 milhões de libras (172 milhões de euros) em growth equity da Venterra, uma empresa que opera na indústria do floating offshore wind, pela Beyond Net Zero”, salienta o Hub Azul.

O investimento em 2022 em startups Bluetech e Blue Economy na área da aquacultura chegou aos 233 milhões de euros, um crescimento aproximado de 6% face a 2021.

“Comparando 2022 com os primeiros nove meses de 2023 foram feitas apenas duas rondas acima de series B, ambas para a EFishery, em Maio e Julho”, diz o Hub Azul.

Na análise a estes dados o Hub Azul salienta que nas indústrias mais escaláveis, como a da robótica e do shipping, “tem-se visto surgir operações de late VC com elevados montantes, marcando uma separação versus o tradicional domínio de seeds e series A”.

O Hub Azul sublinha que as tecnológicas climáticas dominam a avaliação total, com aproximadamente um terço, “talvez porque esteja bem identificado como potencial de investimento sustentável”.

A plataforma Hub Azul Dealroom, insere-se no projeto Hub Azul Portugal, financiado pela Comissão Europeia no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O Fórum Oceano, é o responsável pela criação do modelo de negócio global para o Hub Azul, em articulação com o seu Conselho de Gestão Estratégica, presidido pela Direção-Geral da Política do Mar.

Notícia publicada no Jornal Económico: https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/portugal-tem-elevado-potencial-numa-economia-azul-que-vale-92-mil-milhoes-a-nivel-mundial/

 

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